quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Saúde Renal: Hemodiálise I

Seguindo a série "Saúde Renal", gostaria de falar um pouco sobre um dos tratamentos que substitui a função dos rins; a hemodiálise. Nesta série de postagens sobre o assunto, falarei sobre hemodiálise. A idéia é exatamente alertar as pessoas que, diferente de nós, renais, ainda têm chances de evitar a insuficiência renal, com alimentação saudável, exercícios, controle da hipertensão, da glicose e do sódio.

Como muitos sabem ou deveriam saber, a insuficiência renal é uma doença silenciosa, pouco divulgada na mídia e muito grave, basicamente causada por hipertensão arterial e/ou diabetes. É curioso, como as pessoas não dão valor à coisas tão simples, como beber água, comer frutas e verduras à vontade, beber suco, etc.
Bem, o controle de ingestão de líquidos e alimentos é 40% do tratamento de um renal crônico. Outros 40% são relacionados à chamada "Terapia Renal Substitutiva", aqui falaremos mais especificamente da Hemodiálise.

Simplesmente falando, a hemodiálise é utilizada para substituir a função renal, mas não substitui totalmente. A HD tem dois trabalhos: retirar do organismo todo o excesso de elementos como fósforo e potássio e a eliminação do líquido que fica acumulado no corpo. Todas as outras funções são substituídas por medicações e/ou compostos vitamínicos, como carbonato de cálcio e Renagel (que ajuda a expelir o fósforo em excesso), Complexo B e Ácido Fólico e hormônios sintéticos, como a Eritropoetina (ajuda a controlar a anemia) e o Calcitriol (Vitamina D).

O rim normal filtra 100mL de sangue por minuto. São 6L por hora, 144L por dia e 1008L por semana.
A diálise, em média, filtra 300mL de sangue por minuto. São 18L por hora, 72L por 4h de HD e 216L por semana em 3 sessões de hemodiálise.
Ou seja, em uma semana, o rim normal filtra 1008 litros de sangue, enquanto que três sessões de hemodiálise filtram apenas 216L, quase cinco vezes menos. Apensar de não ser o ideal, a hemodiálise é suficiente para manter o paciente vivo e produtivo.
Fonte: http://www.mdsaude.com/2008/11/hemodilise-parte-i-entenda-como.html


Diferente de problemas graves em outros órgãos, como insuficiência cardíaca, pulmonar, etc. a função renal tem como ser substituída com um nível relativamente tranquilo de segurança.



É assim que tudo começa. Por se tratar de uma doença silenciosa, você só descobre que não possui mais função renal quando já se torna sintomático. Muitas vezes a pessoa está tão ruim que é internada diretamente em CTI. E este catéter é a primeira ponte, temporária, ao mundo dos renais crônicos e à hemodiálise. Detalhe: é a parte mais clara do catéter que vai dentro do corpo, mais especificamente na subclávia (mais pro ombro) ou na jugular (no pescoço). No começo é difícil, pois não pode molhar o curativo que protege os pontos que seguram o catéter. Muita gente prefere enrolar um saco de lixo no pescoço pra não molhar e ainda assim não consegue evitar. Aí você acorda, num belo dia, com um febrão de 40º. Ou seja, infecção. Você corre na clínica e recebe doses de antibióticos (geralmente Vancomicina e Gentamicina), sendo muitas vezes, necessário trocar o catéter. Também não consegue dormir direito, pois se você deitar no lado do catéter, pode dobrá-lo e inutilizá-lo, sendo necessário colocar outro.

Você pode ver a colocação de um catéter neste vídeo do YouTube.
http://www.youtube.com/watch?v=fXeuB1P8sDs

Depois de alguns dias, semanas ou até meses, o catéter é substituido por um acesso artério-venoso mais permamente, chamado de FAV (Fístula Artério-Venosa).
Como a diálise necessita de um acesso mais resistente, não é possível utilizar as veias dos braços. Com nem cinco minutos da primeira sessão, arrebentariam com o alto fluxo de sangue necessário para fazer a filtração dentro do tempo estipulado. A fístula é a união de uma veia (cefálica) com uma artéria (braquial).
Você pode ver como uma fístula é criada neste vídeo do YouTube.
http://www.youtube.com/watch?v=z18t1J2iiek
Mesmo com anestesias, você ainda sente tudo o que fazem no braço. Basicamente, mandam você para o bloco cirúrgico e o colocam em posição tipo "crucificado", com os braços abertos. Com a anestesia (geralmente local), o braço fica dormente, mas o peso dele e a posição faz com que você sinta dor. A cirurgia dura aproximadamente 30 minutos. Depois deste passo, você ainda precisa dialisar, no mínimo um mês com o catéter, enquanto a fístula "cresce". Com exercícios que você faz com uma bolinha de borracha (iguais aquelas usadas na doação de sangue), a fístula vai ficando grossa e possibilita o fluxo alto de sangue, bem melhor até que no catéter. Abaixo, você pode ver o esquema que mostra o processo da hemodiálise na fístula.




Na proxima postagem, entrarei em detalhes sobre o processo da Hemodiálise em si.