quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Saúde Renal: Um apanhado geral

Olá!

Hoje, gostaria de comentar sobre um assunto que, infelizmente, insiste em ocupar a minha mente e o meu corpo nos últimos quatro anos.

Um dos órgãos mais importantes do nosso corpo, responsável por inúmeras e importantes funções, diferente do que muita gente sabe, é realmente o rim. Talvez por um órgão tão pequeno ser responsável por tanta coisa, seja o motivo de termos dois deles, e, como em todo ser humano, só sentimos a falta de algo quando perdemos.

No adulto, o rim tem cerca de 11 a 13 cm de comprimento, 5 a 7,5 cm de largura, 2,5 a 3 cm de espessura, com aproximadamente 125 a 170 gramas no homem e 115 a 155 gramas na mulher.

Cada rim é formado por cerca de 1 milhão de pequenas estruturas, chamadas néfron. Cada néfron é capaz de eliminar resíduos do metabolismo do sangue, manter o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico do corpo humano, controlar a quantidade de líquidos no organismo, regular a pressão arterial e secretar hormônios, além de produzir a urina. Por esse motivo dizemos que o néfron é a unidade funcional do rim, pois apenas um néfron é capaz de realizar todas as funções renais.


Funções dos rins

Além de excretar substâncias tóxicas, os rins também desempenham muitas outras funções. Abaixo estão listadas as principais funções renais:
  • Eliminar substâncias tóxicas oriundas do metabolismo, como por exemplo, a uréia e creatinina;
  • Manter o equilíbrio de eletrólitos no corpo humano, tais como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, bicarbonato, hidrogênio, cloro e outras;
  • Regular o equilíbrio ácido-básico, mantendo constante o pH sanguíneo;
  • Regular a osmolaridade e volume de líquido corporal eliminando o excesso de água do organismo;
  • Excreção de substâncias exógenas como por exemplo medicações e antibióticos;
  • Produção de hormônios: eritropoetina (estimula a produção de hemácias), aldosterona (eleva a pressão arterial), cininas e prostaglandinas;
  • Modificar a forma da vitamina D que chega ao rim depois de ser convertida em uma forma possível de ser transportada pela corrente sanguínea no fígado transformando esta num hormônio cuja função principal é aumentar a absorção de cálcio no intestino e facilitar a formação normal dos ossos;
  • Produção de urina para exercer as suas funções excretórias.

Inicialmente, o sangue passa por um vaso chamado arteríola aferente, pelo glomérulo e sai pela arteríola eferente. O sangue é filtrado ao passar pelo glomérulo, em um processo chamado filtração glomerular. A quantidade de líquido que passa do glomérulo para a Capsula de Bowman (conhecido como filtrado glomerular) é muito grande, cerca de 170 litros por dia, sendo 99% desse total reabsorvidos pelos túbulos renais, resultando em aproximadamente 1,7 a 2 litros de urina por dia.

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rim)


Ou seja, quando os nossos rins falham causando Insuficiência Renal (pode ser crônica ou aguda), nosso corpo começa a acumular "toxinas" que deveriam ser expelidas via urina. Acima de cada rim há uma glândula chamada supra-renal. Como as glândulas supra-renais têm sua função atrelada aos rins, sua insuficiência causa também a diminuição na produção de hemácias (causando anemia). Os rins também são responsáveis por um processo chamado sistema renina-angiotensina-aldosterona, um conjunto de peptídeos, enzimas envolvidos em especial no controle do volume de líquido extracelular e na pressão arterial.

Alguns dos sintomas que indicam alguma disfunção renal podem ser; 
  • Inchaço em certas partes do corpo, como tornozelos, pés, rosto, abdômen, etc. hipertensão e pouca urina, por conta da retenção hídrica;
  • Enjôos, gosto ruim na boca (algo como amônia) e até alucinações, pelo acúmulo de uréia;
  • Cansaço muito forte, falta de apetite e até sangue nas fezes e urina, indicando anemia;
  • Sede (pelo excesso de sódio), câibras por todo o corpo (pelo excesso de potássio), coceiras (pelo excesso de fósforo).

Apesar de muito pouco (ou nada) divulgada pelo governo e imprensa, a Insuficiência Renal é uma doença gravíssima e incurável (em casos crônicos). Os tipos de tratamentos que existem, são indicados de acordo com os níveis de função renal.

Uma boa maneira para avaliar a função renal é através da estimativa da filtração glomerular (FG) pela medida da depuração de creatinina, a qual constitui um bom índice da função renal e deve ser utilizada para o diagnóstico de insuficiência renal crônica.





  • Fase de função renal normal sem lesão renal: inclui os pacientes nos chamados grupos de risco para desenvolvimento de IRC (hipertensos, diabéticos, etc.), mas que ainda não desenvolveram lesão renal.
  • Fase de lesão renal com função renal normal: existe lesão renal em fase inicial com filtração glomerular acima de 90ml/min/1,73m2.
  • Fase de insuficiência renal funcional ou leve: ocorre déficit de função renal com ritmo de filtração glomerular entre 60 e 89ml/min/1,73m2. Nessa fase os níveis de uréia e creatinina são normais e não há sintomas clínicos importantes.
  • Fase de insuficiência renal laboratorial ou moderada: a avaliação laboratorial mostra níveis elevados de uréia e creatinina com ritmo de filtração glomerular entre 30 e 59ml/min/1,73m2. O paciente apresenta sinais e sintomas discretos de uremia, mantendo-se clinicamente bem.
  • Fase de insuficiência renal clínica ou severa: existem sinais e sintomas evidentes de uremia e ritmo de filtração glomerular entre 15 e 29ml/min/1,73m2.
  • Fase de insuficiência renal terminal ou dialítica: os rins não conseguem manter a homeostase do meio do organismo e o paciente encontra-se intensamente sintomático, necessitando de diálise ou transplante renal como tratamento. O ritmo de filtração glomerular é inferior a 15ml/min/1,73m2.

(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Insuficiência_renal_crônica)

Lembrando:
A creatinina é um produto da degradação da fosfocreatina (creatina fosforilada) no músculo, e é geralmente produzida em uma taxa praticamente constante pelo corpo — taxa diretamente proporcional à massa muscular da pessoa: quanto maior a massa muscular, maior a taxa.
Através da medida da creatinina do sangue, do volume urinário das 24 horas e da creatinina urinária é possível calcular a taxa de filtração glomerular, que é um parâmetro utilizado em exames médicos para avaliar a função renal.
Fonte: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Creatinina)

Os tipos de tratamento podem ser:
  • Tratamento conservador: Quando a pessoa ainda retém função renal acima de 10%. Consiste de medicação e controle alimentar (proteína animal, sódio). É o tratamento inicial, geralmente preparação para a insuficiência renal grave e ao tratamento dialítico.
  • Hemodiálise, Diálise Peritoneal: Estes já são os tratamentos indicados para pacientes com Insuficiência Renal grave, chamados também de Terapia Renal Substitutiva, onde existe pouco ou nada de função renal. Como são um assunto à parte, bastante extensos, deixo para uma próxima vez sua explicação.
  • Transplante: Diferente do que muitos pensam, o transplante não é cura e sim um tratamento para o último nível de insuficiência renal, chamado Insuficiência Renal Terminal, quando apenas a diálise e o transplante são tratamentos viáveis. Resumindo, é uma cirurgia em que se utiliza um rim de uma pessoa com morte cerebral (chamado Rim cadáver) ou de pessoa da família devidamente compatível (entre vivos). Falarei mais sobre transplante renal em oportunidade próxima.

Quando o paciente está em diálise, há uma restrição grande de alimentos e líquidos. Já que todos os legumes, verduras, grãos, frutas, etc. são plantados utilizando adubos à base de fósforo e potássio, deve-se conhecer aqueles com níveis destes elementos em maior abundância e evitá-los, já que por exemplo, o fósforo em quantidades altas no organismo pode causar danos nas glândulas paratireóides e o potássio, contrações musculares.

Entre os alimentos com níveis altos de potássio, encontramos a banana, laranja, o chocolate (por conta do cacau), água de côco, mamão, melão, feijão (sendo o preto o tipo com maior concentração), morango, tomate, ervilha, vegetais de cor verde escura, etc. Entre os alimentos com maior nível de fósforo, estão o milho, o leite (e seus derivados), peixes, basicamente os alimentos também ricos em cálcio.

Em pessoas com insuficiência renal grave também há a grande preocupação com o controle de ingestão de líquidos, já que os rins controlam a necessidade de aumentar ou diminuir sua quantidade no organismo. Estas pessoas são obrigadas a reduzir drasticamente a ingestão de água e alimentos suculentos, como melancia, laranja, basicamente todos os alimentos que são cozidos em água, como massas, arroz, sopas, etc. com a certeza de que o abuso destes faz com que o líquido em excesso vá para os pulmões, causando edema pulmonar. Em vias de regra, é indicado beber apenas a quantidade que se urina por dia.

E talvez por fim, o controle do sódio. Este especialmente, é de suma importância, ou pelo menos deveria ser, tanto para pacientes renais quanto para pessoas sadias. Hoje em dia, com o descontrole total na fabricação e venda de todo o tipo de alimento industrializado (seja ele enlatado, congelado e afins), mesmo com seus níveis indicados nos rótulos das embalagens, muito pouca gente se preocupa e é um dos motivos pelo qual a quantidade de pessoas com problemas renais têm aumentado tanto, seja no Brasil quanto no mundo todo.

Diferente do que todos imaginam, não se encontra o sódio apenas em alimentos salgados. Muito se utiliza este elemento para inclusive mascarar o sabor dos inúmeros conservantes químicos (alguns até cancerígenos) usados em bolachas recheadas, wafers, refrigerantes, chocolates, etc. É de tamanha importância que gostaria de utilizar um tópico inteiro apenas falar sobre o sódio.

Bem, por enquanto é só.
Até mais!

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